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terça-feira, 27 de abril de 2010

O DIABO SÃO OS OUTROS

Leitora compulsiva de revistas de Artes, Histórias, Literatura e afins, primeira coisa que leio numa publicação, é o editorial. Alguns valem a pena, e, muitas vezes, são mais elucidativos que as próprias matérias. Abaixo, Editorial da Revista História Viva: grandes temas, "Sob a sombra do Diabo"
O Diabo é um bicho elusivo. É o cão, é o sapo, uma aranha. Está no corpo do homem pecador e da mulher sedutora. No discurso herético da Idade Média e na mão de ferro do ditador moderno. Ao longo da história, assumiu formas variadas. Chamavam-no também de Belzebu, Satã, Lúcifer, Anticristo. Entre os menos conhecidos, há o registro de certo Pazuzu, um dos demônios mais antigos, da Mesopotâmia. Entre nós, brasileiros, ele atende também pelo nome de Tisnado, uma das muitas variações referidas em Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Quem se deu ao trabalho de contar, encontrou mais de 15 milhões de apelidos em todas as épocas. Por vezes, confundindo-se com a idéia do Mal, parece onipresente. Está nas perseguições da Inquisição, nas guerras religiosas, na caça às bruxas, nas tentativas de extermínios de populações, na tortura, nos assassinatos promovidos por seitas contemporâneas.
Ditadores costumam demonizar seus inimigos, que, nessa condição, são passíveis das mais cruéis punições. Líderes políticos e religiosos também seguem o mesmo caminho. Bush identificava um Eixo do Mal para justificar a caçada a Bin Laden; este, por sua vez, comparava os presidente dos Estados Unidos ao Grande Satã - eles podem não estar de acordo em nada, nas talvez se entendam, pois usam a mesma linguagem.
O Diabo é um bicho alusivo, sim, mas, qualquer que seja sua aparência ou nome, ele se manifesta de maneira inconfundível na intolerância. Talvez seja este o denominador comum das forças do Mal: a rejeição ao que parece diferente: àquilo que não podemos ou queremos compreender. Para resumir: ao outro. "O inferno são os outros", disse o filósofo francês Jean Paul-Sartre. Parafraseando a famosa tirada existencialista, podemos dizer: o Diabo são os outros. (Oscar Palagallo, Editor)

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